(Hesito entre o mundo grave e a gravidade do mundo)

12/05/06

Grande momento de jornalismo na RTP

Cento e tal miúdos são internados de urgência devido a uma alergia causada pelo bicho do pinheiro. O Jornal da Uma faz um directo. A princípio, o cenário e os intervenientes deixam-me baralhado. Parece um comício com a inefável Fátima Felgueiras a ocupar o palanque (liberdade minha). Se fosse um diferido, teriam trocado as cassetes. Mas não, a senhora fala para os pais das crianças afectadas.
Entretanto, a câmara recua e uma jornalista avança para ocupar o lado direito da imagem. Dirige-se ao médico presente e faz-lhe as perguntas da praxe. Fátima Felgueiras continua o discurso, mas nota-se-lhe um olhar enviesado para a câmara e para a jornalista. Ainda espera a sua oportunidade. Que não chega. A jornalista da RTP - desgraçadamente, não fixei o seu nome, desconhecedor que era do momento a que iria assistir - ignora-a por completo. A boa da Fátima por ali se vai pendurando na circuntância dos presentes ou nos presentes de circunstância. Mas nada. "Esta gaja será parva? Não sabe quem eu sou?" - lê-se-lhe a interrogação no fundo dos olhinhos pequenos.

Não haverá por aí quem entregue desde já um dos prémios de jornalismo anuais a esta sensata equipa de reportagem da RTP? Por perceber o que tem a fazer e quem é relevante ouvir nas circunstâncias. É pouco? Para mim basta. E que sacou um momento delicioso de televisão, isso ninguém lho tira.