(Hesito entre o mundo grave e a gravidade do mundo)

18/01/06

Chega o tempo da depuração

Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
(...)

E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

(...)

Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


Carlos Drummond de Andrade