(Hesito entre o mundo grave e a gravidade do mundo)

15/08/05

VISÃO DE S. ANDRÉ A S. VICENTE AINDA A PROPÓSITO DOS RISCOS DE QUEM PASSA A ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA DA POPULAÇÃO DA IDADE MÉDIA

Bem vês, meu amigo, não há nada a espreitar por detrás desta cortina baça do entendimento. Continuo tão dobrado sobre mim próprio que mal consigo ver. Não sei há quanto tempo isto dura. Há demasiado tempo, em qualquer caso. Se houve alguma intenção nisto - do tipo 'encontrar um caminho' - levei-a longe demais, até ao ponto onde tudo se transforma num ruído ensurdecedor; onde a incerteza substitui e anula toda a possibilidade de falar - a não ser uma fala que seja uma espécie de efusão sobre o vazio; onde o que sobra de ironicamente sólido a ligar-me ao exterior é este estado de entorpecimento...
Bem vejo, meu amigo, a obstinação da tua bondade para comigo. A bondade da tua expectativa - estou-te tão reconhecido por ela! - e a escuridão que a frustra.
(para o R.C.)