(Hesito entre o mundo grave e a gravidade do mundo)

01/08/05

Músicas do Mundo, Sines, Sábado


Já ia alta a noite quando, no palco da Av. da Praia, irrompeu um furacão congolês: Top Konono N.º1.
O corpo amolecido pela espera e pela pepineira irlandesa que acabara de tocar no castelo, não teve tempo para se adaptar ou sequer para perceber o que lhe estava a acontecer. A electricidade vertida nos likembés, nas percurssões de fancaria e nos megafones roufenhos que os Konono utilizam para projectar a sua música de rua - no sentido de algo que possui uma vitalidade e energia inteiramente bebidas daí - acelerou o batimento cardíaco. Provocou convulsões, embalos frenéticos, instantâneos esgares - e ares - de ganza, como se a teia sonora lançada pelos Konono a todos ligasse ao palco.
Durou uma hora? Duas? Cinco minutos? Foi o diabo à solta!



Antes, no Castelo, exibira-se uma banda irlandesa, cujo nome nem fixei (a cena celta em formato World-Music-pronto-a-vestir) e os KTU (uma espécie de Jean Michel Jarre dos infernos) conjunto formado por dois cadáveres exumados das catacumbas do rock progressivo -pertenceram aos King Crimson, argh!- e por um grupo de filandeses que projectavam com alguma estridência para a plateia o som do degelo nos próprios cérebros.
A abrir a noite, os Master Musicians of Jajouka, com os sopros e percussões da homónima aldeia marroquina.